Prioridades

por Luis Pires

Não dá para entender como é que as prioridades da vacinação passaram a incluir os membros do Conselho Superior da Magistratura, do Conselho Superior dos Tribunais Administrativos e Fiscais, do Conselho Superior do Ministério Público e de todos os tribunais supremos, que reúnem quando reúnem e não estão em contacto com o exterior, ou seja, não estão sujeitos a nenhum risco especial de infecção. Isto, enquanto as vacinas escasseiam e os maiores de 80 anos e outros idosos com doenças graves só agora começaram a ser vacinados.

Já houve gente que se demitiu porque passou à frente da fila. Por medo? Porque possui um cargo público? Porque conhece o médico? Porque pensa ser superior a outros? Porquê? Sabem que o MInistério Público investiga e mesmo assim não deixam de se enfiar onde não devem.

Dar prioridade ao poder pelo poder não é próprio de um Estado de direito democrático, onde os privilégios não devem ter lugar.

A cada privilégio destes, lá se vai a credibilidade do processo de vacinação. Por isto é que nos chamam na Europa, o cantinho dos malandros. E não é só ao Povo que se vai aproveitando do que o Poder lhes dá.

Quem tem sintomas de Covid vai para casa e recebe o ordenado por inteiro, mas se ao fim de 2 semanas disser que lhe dói o corpo pode ficar mais 15 dias a receber em casa. E mais 15, e outros 15. Este aproveitamento é do conhecimento das autoridades, mas é assim que funciona.

Só faltava incluir na extensa lista de excepções o Conselho de Estado. A que propósito!? O Presidente da República concordou com este disparate?

Tenho a certeza de que não.