INVESTIGAÇÃO: Descobertos super-raios mil vezes mais fortes

Desde a década de 70 que os pesquisadores estudam os chamados “super-raios”, descargas eléctricas que são 100 vezes mais intensas que um raio comum. 

Mas um novo estudo realizado por pesquisadores do Laboratório de Los Alamos, nos Estados Unidos, revelou que este fenómeno pode ser ainda mais extremo: foram detectados super-raios com intensidade 1.000 vezes maior do que a média.

“Queríamos ver quais eram os verdadeiros limites dos super-raios”, disse o cientista atmosférico Michael Peterson ao Washington Post. 

“É uma questão de quão grandes e brilhantes eles podem ser”, acrescentou.

Determinar o que é ou não um super-raio é uma tarefa difícil porque os dados registados por instrumentos no solo podem ser diferentes dos detectados por satélites. 

Isso porque a cobertura de nuvens em uma tempestade pode fazer com que o raio, aos olhos do satélite, pareça menos brilhante do que visto do solo.

Peterson e a sua colega Erin Lay analisaram dados do Geostationary Lightning Mapper (GLM, Mapeador de Raios Geo-estacionário), instrumento a bordo de um satélite meteorológico que a cada 2 milissegundos monitora as Américas, do Alasca à Terra do Fogo, em busca de raios.

Os investigadores analisaram dois anos de dados do GLM, filtrando as ocorrências com intensidade superior a 100 vezes à de um raio comum. 

Foram encontrados 2 milhões de super-raios, ou uma em cada 300 descargas. 

Mas quando ajustaram o filtro para eventos com intensidade superior a 1.000 vezes, encontraram uma concentração deles na região central dos EUA e na bacia do Rio da Prata, na América do Sul.

Os dados foram correlacionados aos de um segundo estudo da mesma equipa, que analisou 12 anos de observações de satélite e classificou os raios por sua potência de pico, definindo como “super-raios” os que tem mais de 100 gigawatts, o equivalente a todos os painéis solares dos EUA combinados.

“Um raio ultrapassou os 3 terawatts de potência — milhares de vezes mais forte do que raios comuns detectados do espaço”, disse Peterson.