EXCLUSIVO: A FLÓRIDA É O REFÚGIO DE INVERNO DE UM DOS MAIORES EMPRESÁRIOS PORTUGUESES DE CONSTRUÇÃO DOS EUA

• Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

News Editor | em Lauderdale-by-the-Sea

• Colaboração: GUILHERME CERQUEIRA

Quando o inverno bate à porta do estado de Massachusetts, o industrial português António Frias, natural da ilha açoriana de Santa Maria, faz as malas, pega na mulher e assenta arraiais no seu apartamento virado para o mar nos arredores de Fort Lauderdale.

“Fao esta rotina há 12 anos, apesar de já vir à Flórida desde 1972”, conta António Frias ao jornal LUSO-AMERICANO. “Isto é um lugar agradável e o tempo é uma maravilha. No norte é onde estão as oportunidades de negócio, mas, para quem já tem uma certa idade, o frio torna-se insuportável”.

Assim, quando o período natalício se encerra, o ‘snowbird’ ruma à Flórida (“prefiro a costa atlântica ao golfo”), onde vários familiares também têm casa, e não à ilha onde nasceu. “ Já saí de lá há quase 69 anos”, nota.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O empresário António Frias e a esposa, Manuela Frias, na sua casa da Flórida

O emigrante, que já conheceu cinco presidentes norte-americanos (Ronald Reagan, George H. Bush, George W. Bush, Bill Clinton e Donald Trump), criou a empresa S&F Concrete  [www.s-f-concrete.com] em 1965 com capital inicial de 2 mil dólares (hoje movimenta para cima de 300 milhões). Considerada uma das maiores do sector na Nova Inglaterra, a S & F Concrete [www.s-f-concrete.com], ao longo de mais de cinco décadas, imprimiu uma marca acentuada na linha de arranha-céus da cidade de Boston, um dos centros urbanos mais importantes dos EUA, com alguns dos melhores hospitais e universidades do mundo. A empresa do imigrante português foi fundamental na construção de elementos arquitectónicos que definem Boston, da luxuosa torre Millennium (o edifício residencial mais alto da capital de Massachusetts), ao Ray & Maria Stata Center do Massachusetts Institute of Technology, desenhado pelo arquitecto-estrela Frank Gehry, passando pelo Gillette Stadium, TD Bank Center, Fenway Park e muitos outros.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O empresário é ‘snowbird’ e passa alguns meses do inverno na Flórida

E o trabalho nunca o assustou… afinal, o seu 1.º emprego foi numa fábrica de calçado em Hudson, tendo-se seguido uma padaria.

Com pouso permanente em Hudson, MA, o empresário conta hoje com a ajuda do filho mais novo, Rodney, na gestão da “S&F Concrete” (onde é CEO). O irmão José Frias está afastado do quotidiano da firma mas António mantém-se Presidente do Conselho de Administração.

“Quando estou em Hudson, vou todos os dias ao escritório”, conta António Frias, “e mesmo aqui na Flórida, estou sempre em sintonia com o que se passa na empresa. Mas sou antiquado, não quero nada com as novas tecnologias”.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | Benfiquista de longa data, nun ca deixa em casa o cartão de associado…

A “S&F Concrete”, que já empregou mil funcionários, tem hoje 600 empregados sindicalizados e continua sem mãos a medir – tal como o industrial, que já contabiliza 9 netos e 14 bisnetos.

Considera já ter feito quase tudo o que almejava na vida, “mas ainda gostava de voltar ao Bairro Alto e Alfama”, confidencia o emigrante, que assume duas paixões: o fado e o Benfica. “Conheço aquelas casas de fado todas. Adoro fado! Conheci a Amália Rodrigues e levava lá o Eusébio. Eu estive, aliás, com a Amália na sua última actuação na Adega Machado”.

Frias, que diz ter votado pelo Presidente John F. Kennedy, na década de 60, não se atreve a fazer previsões (políticas) para Novembro, notando: “religião, política e futebol, cada um acredita no que quer. Mas digo-lhe: se o [Donald] Trump estivesse na Casa Branca, a Rússia nunca tinha entrado na Ucrânia”.

Não tem dúvida de que “a América continua o melhor país do mundo”, mas já lhe detecta umas fraquezas… “Tem que se resolver o problema da fronteira e das cidades santuário”, aponta.

Foto: JORNAL LUSO-AMERICANO | O empresário é Presidente do Conselho de Administração da S&F Concrete

Apologista do sistema capitalista, António Frias defende que “no sector privado, as pessoas têm que trabalhar, porque se a pessoa produz, cria riqueza e empregos. O socialismo é a desgraça do mundo e de um país, onde as pessoas estão sempre à espera de terem tudo de graça. O estado não dá nada!”

Defende os apoios sociais para “quem está doente ou velho e para as crianças, esses têm de ser ajudados. Agora, quem tiver saúde, faça como eu: trabalhe”.

Foto: CORTESIA ANTÓNIO FRIAS | O emigrante açoriano já conheceu 5 presidentes, incluindo Donald Trump

Casado há 64 anos com a micaelense Manuela Frias, sublinha: “gosto muito de Portugal e da nossa História”.

Lembre-se ter sido ele o emigrante português que emprestou 1 milhão de dólares ao Benfica (“já me pagaram tudo”) – tendo mesmo feito um segundo empréstimo, quando o clube da Luz precisou.

Foram os avós maternos de António Frias quem iniciou o ciclo de emigração na família, trocando a ilha açoriana de Santa Maria por Hudson, nos Estados Unidos, onde a mãe do industrial (Maria de Chaves Frias) viria a nascer – em 1921. O pai, António Joaquim Frias, era açoriano. “Os meus avós apanharam a gripe do vírus influenza e resolveram voltar para os Açores”, conta Frias. “Morreram os dois antes de terem feito 30 anos.”

Influenciado pelas histórias que ouvia contar da vida de abundância na América, convence a mãe – sob renitência do pai – a regressar à América. Quando os Frias emigram, em 1954, António tinha 16 anos e um tio “irmão do meu pai” em Stonington, CT, que garante a situação financeira da família. “Naquele tempo éramos 11 irmãos, mas os meus pais tiveram 17 filhos”, revela. “Hoje somos oito e vivemos todos na América.”

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