PANDEMIA ADIA REABERTURA DA CHURRASQUEIRA ‘BAIRRADA”, EM MINEOLA, NY

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Em Dezembro de 2019, dias antes do Natal, um dos mais populares restaurantes portugueses na região nova-iorquina de long Island – Churrasqueira ‘Bairrada’ Rodízio – sofreu um incêndio. As chamas começaram numa máquina de extracção de fumos no tecto e o fogo não se expandiu para o resto do edifício, graças à rápida acção dos bombeiros locais.

“Apesar de o incidente se ter confinado à tal máquina, a encomenda e instalação de uma nova levaria três meses, pelo que resolvemos encerrar para obras de remodelação”, afirma o proprietário Manuel Carvalho, em declarações ao jornal LUSO-AMERICANO. “Como o restaurante já tinha 27 anos – 24 deles nas actuais instalações – pareceu-nos uma boa oportunidade para o remodelar, sempre a pensar nos nossos clientes.”

FOTO: Jornal LUSO-AMERICANO | Arquivo
O empresário português Manuel Carvalho inspeccionando as obras no interior do seu restaurante, agora encerrado – no início deste ano

❝Uma vez que o restaurante foi todo remodelado, a sua reabertura está sujeita a inspecções pelas autoridades da vila, que entretanto cancelaram todo o tipo de actividade❞

➥MANUEL CARVALHO,

empresário de restauração

O empresário de restauração, natural da zona de Anadia, tinha como plano inicial fazer as obras e reabrir o conhecido espaço gastronómico. “A data inicialmente pensada era 28 de Abril, pelas nossas previsões”, detalha Manuel Carvalho.

Entretanto, com as obras a decorrerem, o mundo é apanhado de surpresa pela pandemia da COVID-19. E os planos de reabertura da Churrasqueira ‘Bairrada’ também…

“Uma vez que o restaurante foi todo remodelado, a sua reabertura está sujeita a inspecções pelas autoridades da vila, que entretanto cancelaram todo o tipo de actividade”, explica Manuel Carvalho. “Resultado: ficámos sem perspectiva de abertura, sem uma data. Estamos à espera do desenrolar da situação e logo veremos.”

FOTO: Jornal LUSO-AMERICANO | Arquivo
A popular Churrasqueira ‘Bairrada’, em Mineral, NY: agora sem data prevista de reabertura

Acrescenta o empresário: “As pessoas perguntam-me porque não abro apenas para take-out. Pelas mesmas razões: para reabrir, mesmo que fosse para só fazer take-out, as inspecções municipais que estão agora sem efeito teriam de ser feitas.”

A nível de construção, “estamos praticamente prontos para a reabertura”, assegura.

❝A situação não é boa para ninguém. Não se pode operar um restaurante apenas na perspectiva de take-out.❞

➥MANUEL CARVALHO,

empresário de restauração

O empresário acredita que a nova dinâmica imposta pela pandemia vai afectar para sempre a forma como os restaurantes locais funcionam. “Muitos deles que, de repente, não faziam take-out, e que agora se viram obrigados a oferecer esse serviço, daqui para a frente vão continuar a fazê-lo – mesmo quando a actividade económica retomar”, opina. “No entanto, a situação não é boa para ninguém. Não se pode operar um restaurante apenas na perspectiva de take-out.”

Manuel Carvalho reconhece que a situação “é catastrófica até certo ponto para todos, mas a restauração é um sector muito afectado. Vai ser difícil a recuperação.”

O distanciamento social é de difícil aplicação aos restaurantes. “Quem vai comer fora, quer uma experiência com amigos ou familiares. Os restaurantes, quando tudo voltar à normalidade, terão de se gerir como antigamente, adaptando-se contudo a uma nova realidade”, nota.

❝Não vamos poder recuperar todas as perdas, nem mesmo com essas ajudas – que são todas bem-vindas.❞

➥MANUEL CARVALHO,

empresário de restauração

O empresário diz que as medidas governamentais, a vários níveis, que têm estado a ser anunciadas para a recuperação da economia, “estão no bom caminho para o apoio ao empresariado.” No entanto, lembra que “a realidade é outra. Não vamos poder recuperar todas as perdas, nem mesmo com essas ajudas – que são todas bem-vindas.”

À altura do encerramento do restaurante, Manuel Carvalho gerava 53 postos de trabalho.

Diz, a terminar, à laia de conselho: “Toda a gente vai ter de pensar que somos vulneráveis. Temos de viver o dia a dia, mesmo nos nossos negócios. Esta pandemia veio ensinar-nos muitas coisas; às vezes pensamos que temos tudo, mas, na verdade, não temos absolutamente nada, nem sequer o controlo sobre o nosso próprio futuro.”

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