TENENTE-CORONEL PORTUGUÊS QUE ESTAVA NO PENTÁGONO NO DIA DOS ATENTADOS ESCAPOU COM VIDA MAS MORREU 5 ANOS DEPOIS CANCEROSO

Por HENRIQUE MANO | Jornal LUSO-AMERICANO

Na manhã de 11 de Setembro de 2001, cinco terroristas ligados à alQaeda assumiram o controlo do Voo 77 da American Airlines, que levantara voo do Washington Dulles International Airport com destino a Los Angeles, fazendo despenhar o Boeing 757 contra a fachada ocidental do Pentágono. Eram 9:37 na capital americana. O atentado, que provocou 184 mortos (dos quais 64 viajavam a bordo da aeronave), era parte do plano diabólico que nesse dia foi posto em prática por uma rede de terroristas infiltrada nos EUA – e que deitaria ainda abaixo dois outros aviões em Nova Iorque e um na Pensilvânia.

Quando o Boeing se precipitou contra as alas E, D e C do Pentágono (que engloba toda a estrutura central do Departamento de Defesa norte-americano), estavam no seu interior pelo menos dois militares de origem portuguesa – o major Cândido Mendes e o tenente-coronel António Rebelo. Ambos encontravam-se na zona sul do edifício, tendo assim escapado ao atentado sem ferimentos físicos, e abandonado de imediato os seus gabinetes.

“O meu gabinete fica na ala A, no sector sul, em linha a uns 300 metros do sector norte, onde teve lugar o impacto”, contou na altura o tenente-coronel António Rebelo à reportagem do jornal LUSO-AMERICANO. “Estava a falar ao telefone com a minha esposa e pensei inicialmente que se tratava de um tremor de terra. O meu gabinete fica na parte oposta à ala que foi impactada pela aeronave e o que eu senti foi o edifício a estremecer como quando se trata de um sismo, pois não ouvi o ruído de qualquer avião.”

É quando sai do gabinete que ouve sirenes e alarmes, “ao mesmo tempo que o pessoal corria pelos corredores fora. Perante isto, vo que era alturonas própria para acompanhar esse pessoal e sair do edifício, mas voltei ainda ao gabinete para dizer à minha mulher que ia abandonar o Pentágono porque tinha acontecido qualquer coisa e ia tomar medidas de precaução”, acrescentou na altura. “Saí e no exterior vejo uma nuvem de fumo, ao mesmo tempo que dois helicópteros sobrevoavam o edifício. A situação já estava a ser controlada.”

Na entrevista concedida então, o tenente-coronel António Rebelo explicava como pode ter sido possível o atentado ao centro nevrálgico da defesa norte-americana: “Em termos de segurança terrestre, ela está em todo o lado aqui no Pentágono. O ataque aéreo tem uma explicação. Passar um avião sobre o Pentágono não é novidade nenhuma. Há estudos feitos e propostas segundo os quais a colocação do Reagan National Airport, em Washington, e o direccionamento das suas pistas põem em causa a segurança do Pentágono e até da Casa Branca.”

Na sua última missão, o tenente-coronel esteve como chefe do Gabinete de Ligação Militar na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília (Brasil).

Rebello formou-se em Gestão pelo American International College, em Springfield, MA; em 1985 transitava para a Squadron Officer School, na Maxwell Air Force Base, em Alabama. Dois anos depois faria ainda o curso de Administração Pública pela Troy State University, no mesmo estado, passando ainda pelo Marine Command and General Staff College, sediada em Quantico, VA.

De 1979 a 2002, cumpriu missões das mais diversas, tanto em bases militares nos EUA, como no estrangeiro; esteve na Coréia do Sul, Alemanha, Espanha, Itália e Portugal (nomeadamente na Base das Lajes, na Ilha Terceira (entre 1995 e 1996).

À altura dos atentados de 11 de Setembro, o militar luso-americano era chefe da Divisão de Ligação Externa no Gabinete do Vice-Chefe Adjunto do Quartel-General da Força Aérea dos EUA, em Washington, DC.

António Rebello começou carreira militar como 2.º tenente e terminou-a com a patente de coronel, em 2001.

Era natural de São Bartolomeu dos Galegos, Lourinhã, Portugal, one nascera em 1956, filho de Armindo José Corado Rebelo e Maria Antónia da Conceição Henriques Rebelo. A família emigrara para Ludlow, MA, em 1966.

Aos 49 anos, em 2006, e de forma precoce, faleceu vítima de doença oncológica em sua casa, rodeado de familiares, deixando de luto a esposa Teresa Manuel de Almeida Pinho da Silva e os filhos Carolina e Ricardo. 

Teve funeral com honras militares e ficou sepultado em Ludlow, no Ludlow Pond Cemetery.

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